Ordem e Progresso

ORDEM E PROGRESSO

Nunca acreditei em direita e esquerda. Rousseau estava profundamente equivocado ao afirmar que “todo homem nasce bom e a sociedade o corrompe” uma das idéias centrais da vertente socialista, assim como Thomas Hobbes errou feio ao instituir o pensamento de que “todo homem é o lobo do homem” (lúpus est homo homini non homo), como uma das bases da filosofia liberal. Mesmo assim, sempre encontrei na esquerda um veio mais humanitário e, de alguma forma, sempre tendi a apoiar o partido dos trabalhadores. Foi com a esquerda no Brasil que meu senso de “ativismo civilizatório e ambiental” veio à tona.
Aproveito a presença de Thomas Hobbes para confessar que sou um “empírico” em política. Mas não a ponto de não perceber que a bipolaridade, associada coma burrice argumentativa, do poder no Brasil (veja uma fala interessante do filósofo Leandro Karnal sobre isso: https://www.youtube.com/watch?v=FPcWf4QycJ4) é  algo sem pé nem cabeça. Não sou um acadêmico de ciências políticas, mas para mim é fácil perceber que a população brasileira foi profundamente traída por um doas grupos mais consagrados da dita esquerda.
O PT matou com crueldade profundas utopias de muitos ativistas e, por um grande número de intelectuais sérios, foi rebaixado para a quarta divisão. Dessa forma, mesmo com alguns avanços sociais que não justificam o mar de corrupção, conseguiu se igualar ao pior da corrupção direitista que, aliás, é redundância quando o tema é “direita”.
A bipolaridade do poder, acredita em bons e maus, em anjos e demônios, em defensores e opressores da população. Porém, salvo o travestismo do popular, a diferença entre Lula e Bolsonaro não existe. Um saqueia a Petrobrás, comanda nos bastidores e rouba um país inteiro. Outro incita a retroação sistêmica, o ódio institucional, a intolerância e a instauração de um nazismo mais que explícito.
Cazuza diz que “seus heróis morreram de overdose”. Infelizmente esta dose exagerada de corrupção que inclui Lula, Dilma, Temer, Sarney, Collor, Maluf, Bolsonaro e cia, traz para o mesmo ringue os tradicionais sujo e o mal lavado.
Não me sinto feliz apenas pela positiva conclusão do impeachment, embora, assumidamente, estivesse entre seus apoiadores. Se colocarmos os golpes defendidos por petralhas e coxinhas na balança da ética, veremos que o golpe daqueles tem proporções muito mais graves, justamente pelo cinismo ideológico. 
Há um longo caminho pela frente que inclui executivo, legislativo e judiciário, quanto à limpeza do Brasil. Sou espiritualista e, dessa forma, não desejo o mal a nenhum ser, porém, é questão de honra e justiça colocar a turma acima, e seu séquito, na cadeia, para que sejam exemplos vivos para as próximas gerações.
Referente ao governo Dilma, apenas o nacional desenvolvimentismo, com suas bases predadoras e ambientalmente catastróficas, já seria motivo suficiente para que saísse do indigno poder. A ausência de macrovisão sustentável é um crime antes de acontecer. Mesmo em detrimento de uma ilegalidade pontual, a remoção de Dilma, olhada de forma ampla, é ônus para nossa nação. Agora é preciso caçar Temer e, paulatinamente, afastar tudo que não presta, até que a ordem e o progresso se restabeleçam.
Alexandre Pimentel
Gravataí, 31 de agosto de 2016.
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