segunda-feira, 6 de julho de 2015

Rejuvenescer Internamente


Por Alexandre Pimentel

Conheci Rômulo Andrade na década de 1980 em Porto Alegre. Certa manhã de domingo o encontrei no parque da cidade, em Brasília. Andava de patins como um adolescente, embora já passasse dos cinquenta. Fiquei muito feliz ao ver meu espirituoso amigo. De imediato perguntei:
- Rômulo, há dez anos atrás, quando nos vimos pela última vez, no sul, você estava tentando entrar para o serviço público. O que está fazendo hoje?
Grande piadista, Andrade responde:
- Não estou fazendo nada! Consegui passar em um concurso!
Sentamos num banco próximo ao lago do parque e, entre inúmeros comentários e reminiscências, ouvi dele, de forma cômica, a seguinte história:
Uma mulher foi até a comunidade dos hunzas, uma tribo de gregos que vive há séculos na cordilheira do Himalaia, sem necessitar de médico, o povo mais longevo do planeta, onde as pessoas chegam aos cento e quarenta anos em plenas condições físicas e mentais.
Entrementes, caminhando pelas ruas frias e de chão batido daquele altiplano, ela encontrou um senhor velhinho que, aos soluços, chorava copiosamente.
Porque está chorando, perguntou.
E a resposta veio imediata:
- Foi porque meu pai me bateu
Meus Deus, exclama a senhora atônita, o senhor nesta idade tem pai? Qual é a sua idade amigo?
Ao ouvir que o ancião reunia noventa e seis anos, ela pensou:
Só posso estar ficando louca, ando na rua, encontro um senhor de quase um século chorando’...
- Amigo, o que lhe aconteceu?
- Senhora, foi meu pai que me bateu!
- Mas com noventa e seis anos o senhor ainda tem pai? Qual é a idade dele?
- Cento e vinte e cinco... Respondeu entre lágrimas graúdas.
- Deus! Com noventa e seis anos o senhor ainda tem pai? E o seu pai o corrigiu? Mas por que ele fez isso?
E nosso personagem responde, fechando com chave de ouro:
- Foi porque botei a língua para o meu avô..
Esta piada, tão lúdica quanto didática, mostra grande realidade histórica. Realmente os Hunzas são incomparáveis quanto à construção da saúde. Nem mesmo a dieta do Mediterrâneo supera os benefícios de seus hábitos. Eles têm,  além de uma geografia paradisíaca, de exuberante natureza, os melhores alimentos, a melhor água e o melhor oxigênio do planeta .
Fiquei admirado com a aparência de meu velho amigo, hoje muito mais amigo do que velho. Rômulo aderiu a vários dos hábitos dos hunzas, se tornou menos estressado e irascível, abandonou o pão branco, assim como todos os “alimentos” industriais, se tornou vegetariano, passou consumir mais orgânicos a beber água primordial, a dormir sobre estruturas que imitam a natureza do planeta e a frequentar locais onde o ar ainda tem íons negativos, os ideais para a vida humana.

Quando tinha trinta anos Rômulo Andrade parecia ter cinquenta. Hoje, com quase sessenta, tem aparência de trinta!


Gravataí, 06 de julho de 2015.
http://cronicasdopimentel.blogspot.com.br

domingo, 5 de julho de 2015

O Valor da Saúde


Por Alexandre Pimentel

Fui convidado para aquele aniversário. Os gêmeos, filhos de meu amigo, que aqui vou chamar de Raimundo Nonato, completavam doze anos, naquela magnífica mansão no Lago Norte de Brasília. A festa que comemorava o nascimento dos meninos incluía várias gulodices nada saudáveis que iam do cachorro quente com pão branco e salsicha de vísceras, ao bolo colorido com anilina e os famigerados refrigerantes. Estimuladas por overdoses de açúcar, para não utilizar a expressão “endiabradas”, algumas crianças corriam aos gritos estridentes que estimulavam trocas de tapas e pontapés, enquanto outras, já estáticas pela obesidade, mal se moviam diante de jogos virtuais macabros.
           Raimundo, meu amigo e amigo dos animais, há pouco havia comprado um cachorro importado da raça Setter Inglês. O animal, animado, participava da comemoração, recebendo salsichas das mãos dos kids alterados, comendo sem parar. Ao perceber o perigo que o cão passava, trôpego, Nonato desceu as escadas correndo e dizendo:
      - Pelo amor de Deus, parem de dar salsicha para esse bicho, ele custou o preço de um computador de última geração, se ficar doente vou gastar uma nota com veterinário. Este cachorro só pode comer ração especial...
        O interessante é que tanto os filhos do amigo Rai, quanto os demais partícipes do evento, exceção de mim, deglutiam salsichas a torta e à direita!
      Diante de tal aberração, lembrei da clássica pergunta de “quanto vale nossa saúde?”. Normalmente acreditamos que os “plano de saúde” nos garantirão se formos acometidos por diabetes, hipertensão ou câncer. De forma infantil imaginamos que o convênio nos livrará do enfarte, do derrame e até de acidentes de trânsito.  Esta lógica perversa tenta justificar o gosto por fast foods, enlatados, embutidos, refinados e geneticamente modificados, além de água acida de torneira ou mineral e colchões anti-ortopédicos muito duros ou muito moles, que impossibilitam o sono reconstrutor.
            Se necessitar de um parafuso de titânio para corrigir um problema ósseo, você pagará por uma peça, a média de dez mil reais.  Uma semana na pior unidade de tratamento intensivo, vulga UTI, do mais simples hospital, não sai por menos do que trinta e cinco mil. Um refrigerante por semana, durante um período de trinta anos, nos custa a bagatela de sete mil e quinhentos reais.
            Interessante como somos ‘mão fechada¨ para investir em tecnologias de prevenção de doenças e promoção da saúde. Aumentamos a casa, trocamos o carro, compramos roupas novas, investimos em computadores e celulares sofisticados. Enquanto isso protelamos a aquisição do colchão medicinal, da máquina de água alcalina e antioxidante, da bicicleta ergométrica e até de coisas mais simples como suplementos alimentares, arroz integral e verduras orgânicas!

Gravataí, 05 de julho de 2015.
http://cronicasdopimentel.blogspot.com.br