Conheci
Rômulo Andrade na década de 1980 em Porto Alegre. Certa manhã de domingo o
encontrei no parque da cidade, em Brasília. Andava de patins como um
adolescente, embora já passasse dos cinquenta. Fiquei muito feliz ao ver meu espirituoso amigo. De imediato perguntei:
- Rômulo, há dez anos atrás, quando
nos vimos pela última vez, no sul, você estava tentando entrar para o serviço público.
O que está fazendo hoje?
Grande
piadista, Andrade responde:
- Não estou fazendo nada! Consegui
passar em um concurso!
Sentamos
num banco próximo ao lago do parque e, entre inúmeros comentários e
reminiscências, ouvi dele, de forma cômica, a seguinte história:
“Uma mulher foi até a comunidade dos hunzas, uma
tribo de gregos que vive há séculos na cordilheira do Himalaia, sem necessitar
de médico, o povo mais longevo do planeta, onde as pessoas chegam aos cento e
quarenta anos em plenas condições físicas e mentais.
Entrementes, caminhando pelas ruas frias e de chão batido daquele altiplano, ela encontrou um senhor velhinho que,
aos soluços, chorava copiosamente.
Porque está chorando, perguntou.
E
a resposta veio imediata:
- Foi porque meu pai me bateu”
Meus
Deus, exclama a senhora atônita, o senhor nesta idade tem pai? Qual é a sua
idade amigo?
Ao
ouvir que o ancião reunia noventa e seis anos, ela pensou:
‘Só posso estar ficando louca, ando na rua,
encontro um senhor de quase um século chorando’...
- Amigo, o que lhe aconteceu?
- Senhora, foi meu pai que me
bateu!
- Mas com noventa e seis anos o
senhor ainda tem pai? Qual é a idade dele?
-
Cento e vinte e cinco... Respondeu
entre lágrimas graúdas.
-
Deus! Com noventa e seis anos o senhor
ainda tem pai? E o seu pai o corrigiu? Mas por que ele fez isso?
E
nosso personagem responde, fechando com chave de ouro:
-
Foi porque botei a língua para o meu avô..
Esta
piada, tão lúdica quanto didática, mostra grande realidade histórica. Realmente
os Hunzas são incomparáveis quanto à construção da saúde. Nem mesmo a dieta do
Mediterrâneo supera os benefícios de seus hábitos. Eles têm, além de uma geografia paradisíaca, de
exuberante natureza, os melhores alimentos, a melhor água e o melhor oxigênio
do planeta .
Fiquei
admirado com a aparência de meu velho amigo, hoje muito mais amigo do que
velho. Rômulo aderiu a vários dos hábitos dos hunzas, se tornou menos estressado
e irascível, abandonou o pão branco, assim como todos os “alimentos”
industriais, se tornou vegetariano, passou consumir mais orgânicos a beber água primordial, a dormir sobre estruturas que imitam a natureza do planeta e a
frequentar locais onde o ar ainda tem íons negativos, os ideais para a vida
humana.
Quando
tinha trinta anos Rômulo Andrade parecia ter cinquenta. Hoje, com quase sessenta,
tem aparência de trinta!
Gravataí, 06 de julho de 2015.
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